!DOCTYPE html PUBLIC "-//W3C//DTD XHTML 1.0 Strict//EN" "http://www.w3.org/TR/xhtml1/DTD/xhtml1-strict.dtd"> Panteras Rosa

sexta-feira, outubro 18, 2013

19 de Outubro – Dia Mundial de Acção Pela Despatologização Trans

MANIFESTO STP 2013 – DIVERSIDADE DE GÉNERO NA INFÂNCIA
STOP TRANS PATHOLOGIZATION – STOP PATOLOGIZAÇÃO TRANS
A Campanha Internacional Stop Trans Pathologization (Stop Patologização Trans)  é uma campanha mundial pela despatologização das identidades trans.
 Desde 2007 que a Campanha STP convoca, no mês de Outubro, uma série de acções internacionais pela despatologização trans. As atividades desse mês (também conhecido como Outubro Trans) culminam no dia 19 de Outubro (Dia Internacional Pela Despatologização das Identidades Trans), com manifestações simultâneas em diversas cidades do mundo.
Em Outubro de 2012, o “Outubro Trans” incluiu mais de 100 atividades em 48 cidades de diferentes continentes, desde a América Latina, à Oceânia, América do Norte, Ásia, África ou Europa. Mais de 350 grupos, redes, plataformas e federações internacionais e organizações políticas declararam o seu apoio para com a STP. Atualmente, a campanha conta com a adesão de grupos e redes de ativistas de todos os continentes do mundo.

À semelhança dos anos anteriores, também este ano o Outubro Trans e o Dia Mundial de Ação Pela Despatologização Trans serão assinalados em Lisboa, com um evento previsto para sexta-feira, dia 25 de Outubro (ver evento no fundo deste Post).

No ano de 2013, a Campanha STP centra-se no lema "Diversidade de Género na Infância", em resposta às mais recentes e diversas tentativas de a patologizar. Nesta área, os objectivos principais da campanha em 2013 são:
 Ø              A inclusão de um capítulo de atenção sanitária trans-específica, não baseada na doença, no CID-11 (Manual de Classificação Internacional de Doenças e Outros Problemas de Saúde da OMS, Organização Mundial de Saúde) e a retirada da presença das identidades trans (categorias F64, F65.1 e F66) do Capítulo V deste manual. Esta alteração facilitaria a sua cobertura pública em diferentes partes do mundo;
Ø               A retirada imediata da proposta de inclusão da categoria "Incongruência de Género na Infância" no CID-11;
Ø               A presença e participação continuada do movimento trans no processo de revisão do CID;
Ø              A retirada das categorias trans-específicas ("Disforia de Género", "Disforia de Género na Infância" e "Trastorno Transvestista") no DSM-V (Manual da APA, American Psychiatric Association);
Ø              A luta pelo fim de cirurgias forçadas a bebés intersexo.
Ø               A luta pelo direito à saúde trans-específica e plena para as pessoas trans (transgénero, transexuais e demais).
Ø              O impulsionamento e reenforço de atividades que promovam o debate e questionamento dentro do movimento trans.

É a pensar na diversidade de género na infância, que questionamos a utilidade clínica de uma categoria de diagnóstico para crianças com expressões e trajectórias de género diferentes das expectativas sociais associadas ao género que lhe foi atribuído à nascença. 
A campanha STP está consciente que as crianças estão particularmente vulneráveis a situações de discriminação, abuso médico ou terapias "normalizadores". Tal ocorre devido a uma falta de reconhecimento sistemática dos seus direitos de participação em decisões clínicas. De facto, a tentativa de classificação como diagnóstico da diversidade de género na infância pode criar uma contradição com princípios estabelecidos na Convenção Internacional de Direitos Humanos, no último Conselho de Direitos Humanos ou nos Princípios de Yogyakarta.
As crianças trans são na maioria das vezes sujeitas a “tratamentos normalizadores” que deixam profundas marcas de instabilidade, estigmatizando e traumatizando as mesmas e, deste modo, comprometendo um futuro saudável. É-lhes negado o reconhecimento da sua identidade de género, bem como da sua livre exploração e expressão.
A campanha nacional acredita que se devem considerar os tratamentos com bloqueadores da puberdade, e apenas se a criança e a família o requererem. De facto, estes tratamentos podem evitar a necessidade de morosos, caros e desagradáveis tratamentos para alterar efeitos da puberdade que podiam ter sido suspensos. Assim, a utilização de bloqueadores pode ser um utensílio para oferecer tempo e espaço para a livre descoberta da diversidade de género na infância. No entanto, o objectivo principal no seu uso é dar à criança liberdade e não coagi-la a uma qualquer escolha binária, caso a mesma não o desejar fazer.

De acordo com os critérios de diagnósticos estabelecidos para a "Disforia de Género na Infância" e no DSM-5, pode-se notar a contradição entre dois pensamentos:
1)       Existe um reconhecimento da possibilidade de identificação com "um género alternativo diferente do atribuído à nascença"
2)       Observa-se o pressuposto de que há jogos, brinquedos e actividades infantis considerados "típicos" do género atribuído à nascença. Mais ainda, existe uma preferência pelas actividades infantis associadas ao "outro género" e usadas de forma estereotipada.  

Este último pensamento reproduz um modelo redutor do que é a diversidade de género em criança, reforça o binarismo de género e os estereótipos de género e reflecte o modelo diagnóstico ocidental. 
Na verdade, a descoberta de diferentes expressões de género e formas de o encarar, não está relacionada necessariamente com uma experiência de sofrimento, doença, transtorno ou estado que necessite atenção médica. (Especialmente em contextos culturais afirmativos.)
Nos casos em que crianças com expressões, vivências e identidades de género diferentes das do género atribuído à nascença, estas devem poder requerer aconselhamento psicológico e social. Esse aconselhamento deve ser um processo de livre exploração de expressões de género e de aconselhamento, para si e para os seus pais/familiares, sobre como lidar com as experiências de discriminação de que pode sofrer. Para este apoio específico, consideramos que não seria necessário categorizá-lo especificamente no CID. Esse apoio seria feito com base na disponibilidade dos profissionais numa abordagem não patologizante e aberta à diversidade de género e multiplicidade de histórias.
Para facilitar a cobertura pública dos serviços de aconselhamento, a nossa proposta é a inclusão do conceito de "identidade de género", nas regulamentações e códigos de boas práticas relacionadas com aconselhamento ou experiências de discriminação. Finalmente, consideramos muito relevante a possibilidade de manutenção de contactos com grupos e redes de activistas trans, por parte do pessoal médico.

Outras reivindicações nacionais da campanha STP:

·                Uma verdadeira Lei da Identidade de Género, que não patologize as identidades trans e permita lutar mais eficazmente contra todo o tipo de discriminações de que são alvo no emprego, na habitação, no acesso à saúde;
·                Direito à mudança de nome e sexo nos documentos de identificação sem tratamento obrigatório ou diagnóstico, ou qualquer avaliação médica ou judicial. Bem como a anulação do aumento exorbitante do preço da alteração de nome e género incluído nos recentes aumentos dos preços dos actos notariais;
·                 A inclusão da “Identidade de Género, como motivo pelo qual ninguém pode ser discriminado, no artigo 13º da Constituição da República;
·                Descentralizar o atendimento cirúrgico, limitado a Coimbra (HUC – Hospitais Universidade de Coimbra) com a extinção da realização de cirurgias em Lisboa, com perda de qualidade, bem como o atendimento psiquiátrico e psicológico; Exigir ainda que as pessoas trans que o requererem possam obter informação detalhada sobre o serviço e a qualidade do atendimento cirúrgico praticados nos HUC;
·                 Descongestionar as longas e prejudiciais listas de espera e diminuir o exagerado tempo dos processos evitando a multiplicação de inúmeras avaliações psicológicas;
·                Fim das cirurgias à nascença e tratamentos normalizadores a bebés intersexo até que (ou se) os desejem;
·                Fim da coação à esterilização de trans masculinos.
·                Facultar às crianças trans tratamento hormonal destinado a bloquear os efeitos da puberdade até que as identidades de género se clarifiquem, de modo a evitar tratamentos dispendiosos e morosos aos efeitos da puberdade que deste modo podem ser evitados. O tratamento bloqueador nunca deve, contudo, ser usado numa perspectiva de invisibilizar, evitar ou “normalizar” numa perspectiva binária as identidades e expressões de género trans.
·                Fim dos actuais ataques ao Serviço Nacional de Saúde, na área da prevenção de Infecções Sexualmente Transmissíveis, no racionamento ou corte de tratamentos e medicamentos no âmbito do memorando da Troika e das medidas de austeridade acrescidas.

Outras reivindicações internacionais da Campanha STP, igualmente necessárias em Portugal:

·                Medidas de educação e protecção contra a Transfobia, nomeadamente no meio escolar, e o reconhecimento da diversidade de expressão e identidade de género de qualquer criança pelos colegas e professores/auxiliares, desde os jardins escola;
·                Garantia de acesso ao mundo laboral e adopção de políticas específicas para acabar com a marginalização e a discriminação das pessoas trans;
·                Condições de saúde e de segurança no desenvolvimento do trabalho sexual, a que muitas pessoas trans são forçadas a recorrer em consequência da sua sistemática exclusão social e laboral, e o fim do assédio policial a estas pessoas, bem como do tráfico sexual;
·                Concessão imediata de asilo político às pessoas trans imigradas que chegam ao nosso país fugindo de situações de discriminação e violência em função da sua identidade de género.

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25 de Outubro, Comemoração do “Outubro Trans” em Lisboa (Rua Regueirão dos Anios, 69):


19h30 - Vamos comer Transcezinhas?
21h00 - Apresentação da curta "No Bikini (2007)"
21h15 - Filme "Ma vie en Rose (1997)"
23h00 - Conversa sobre esterótipos de género, sexismo e os manuais de doença mental no caso trans e intersexo.

Página da Campanha STP - STOP PATOLOGIZAÇÃO TRANS (Portugal) no Facebook: https://www.facebook.com/pages/STOP-PATOLOGIZAÇÃO-TRANS-2012/150656943552

Campanha internacional: http://www.stp2012.info/

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São promotores da campanha STOP PATOLOGIZAÇÃO TRANS em Portugal:

Grupo Transexual Portugal, Panteras Rosa – Frente de Combate à Lesbigaytransfobia, GAT – Grupo Português de Activistas sobre Tratamentos de VIH/SIDA Pedro Santos (Lisboa), Portugalgay.pt, Opus Gay, SOS Racismo, UMAR – União Mulheres Alternativa e Resposta, Poly Portugal, não te prives – grupo de defesa dos direitos sexuais, Caleidoscópio LGTB, Rainbow Rose Portugal, Bichas Cobardes